MINHA
VIDA: MEU PALCO E MINHA HISTÓRIA
Nascida
na década de 80, a primogênita da família “Bimbato”, vem ao mundo com grandes
expectativas, como conta mamãe. Eu, Denise, por causa de uma atriz de novela,
não imaginava como seria meu palco, minha história, nem meu destino.
Infelizmente
os tempos não eram fáceis e o caminhar da sociedade não mostrava certeza de um
destino muito certo... A guerra assolava vários países do mundo, a política
brasileira estava focada na criação da Constituição, as pessoas viviam a
incerteza com relação ao progresso da sociedade.
Meus
primeiros anos de vida seguem coerente com a realidade daqueles tempos, não
havia muito dinheiro, nem muitos recursos, mas sobrava imaginação. Da primeira
palavra que aprendi até o primeiro dia no Jardim foi um período excepcional. Guardo
até hoje as fotos dos meus carrinhos... Sim, carrinhos e não bonecas, meu
travesseirinho inseparável chamado “guli-guli” quanto mais sujo ele ficava,
mais eu cheirava e chupava os dois dedos, minha mãe me corrigia, “mas criança
já viu”, quando fui ao teatro pela primeira vez assistir a peça “Patinho Feio”
e a primeira vez que dancei quadrilha, foram momentos mágicos e se pudessem ser
regatados por uma máquina do tempo
viveria tudo denovo.
Depois
que comecei a fase escolar, eu escrevia muitos diários, cartinhas e apesar da
dificuldade na alfabetização, minha mãe me ajudou a vencer esse desafio, o que
foi dificuldade acabou se transformando aos poucos em paixão. A Tia Valdete
contribuiu muito com essa paixão, ela me fazia ver o mundo tão diferente, tudo
era perfeito e minhas descobertas pareciam mágicas transferidas de suas mãos
para as minhas.
Na
adolescência às coisas foram estranhas, as descobertas sempre chegavam acompanhadas
de surpresas... Eu cheguei a levar cigarros para a casa e as conseqüências não
foram boas. Após esse período (anos 90) terminar o ensino fundamental e iniciar
os estudos técnicos era fantástico, mas, para quem morava na capital ou nos
municípios mais desenvolvidos no E.S, para quem morava em Viana, considerado
zona rural, era difícil conseguir uma vaga, exigia sacrifício desumano, recordo
que minha mãe e eu dormimos 3 dias na fila para me matricular no curso técnico,
o sentimento que tínhamos é que a população cresceu, o Brasil desenvolvia
políticas de igualdade social, a globalização estava em alta, mas não tínhamos
escolas suficientes, não havia oportunidades de empregos iguais entre homens e
mulheres. Enfim, consegui o tão sonhado
estágio, que ocupava praticamente 10 horas do meu dia e era comparado
facilmente com o trabalho de um empregado, as dificuldades não incomodavam,
pois eu queria adquirir experiência, ter meu diploma e ter um bom emprego, eu
não precisava de mais nada, para meu engano anos depois. A administração foi
muito importante na minha vida e através de um trabalho atípico desenvolvido no
pátio da escola consegui me idealizar dentro de uma empresa, deveríamos
construir uma empresa (maquete, organograma, setores, atividades) para que pudéssemos
associar a teoria à prática, a experiência foi muito enriquecedora e me
incentivou a prosseguir na área.
A
partir de 2002, na fase adulta, nesse período fica claro que eu precisava
estabelecer prioridades, a realização dos sonhos, e ainda, o mundo estava
muitíssimo diferente, quem imaginava que teríamos em nossa história um
presidente sem formação escolar completa? O mundo estava mudando, os conceitos
e os “dogmas” da sociedade também. Nessa época o desejo de constituir uma
família falava muito mais alto do que o desejo de ter uma graduação, até porque
os meios para ingressar em uma faculdade pública ainda eram complicados e eu não
dispunha de recursos financeiros para ingressar em uma faculdade particular. A responsabilidade
profissional crescia e a pressão para minha formação também, até que
determinado momento a empresa começa a passar por dificuldades financeiras
e posteriormente vendida anos depois.
Foram longos anos de aprendizagem, amizades, desafios, convivência, vitórias,
lutas... A venda da empresa me gerou profundas reflexões, partindo do principio que toda história vivida não me
trouxe a coisa mais importante, a felicidade. Mesmo com oportunidade de seguir
na nova empresa, inclusive com melhores salários, eu revirei meus valores, me
despi dos meus medos e me encorajei a fazer o que me dava prazer. Em 2010,
determinei retomar meus estudos e também associar minha vida com qualidade de
vida e ser mãe. Aqui já seria viável estudar em uma faculdade particular
através do financiamento ou pelas bolsas oferecidas pelo governo, após ter
passado por três décadas consigo ver onde podemos chegar.
A
convivência com outros mestres que participaram da minha história, a busca pela
felicidade, a necessidade de construir novos relacionamentos e o desejo de
contribuir para o futuro de uma nova geração, me trouxeram até a pedagogia, meu
novo palco está sendo preparado pela da UNIUBE, meus novos telespectadores são
críticos e carecem da minha criatividade, da minha inovação, do meu amor e da
minha nova paixão, a EDUCAÇÃO.